O que é preservação digital?

Designa-se por preservação digital o conjunto de atividades ou processos responsáveis por garantir o acesso continuado a longo-prazo à informação e restante património cultural existente em formatos digitais. A preservação digital consiste na capacidade de garantir que a informação digital permanece acessível, interpretável e autêntica, mesmo na presença de uma plataforma tecnológica diferente daquela que fora inicialmente utilizada no momento da sua criação.

Referencia:
FERREIRA, Miguel - Introdução à preservação digital : conceitos, estratégias e actuais consensos [Em linha]. Guimarães : Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006. [Consult. 24 Nov. 2006]. Disponível em WWW: http://hdl.handle.net/1822/5820. ISBN 972-8692-30-7. ISBN 978-972-8692-30-8.

Motivação para a Preservação Digital

Com o aumento da produção de arquivos digitais, arquivos estes que propiciaram maior acessibilidade à informação, surgiu a preocupação de como se preservar estes arquivos, afim de proteger e prolongar sua disponibilidade e garantir sua integridade e autenticidade suficientes para que possam ser utilizados futuramente em plataformas diferentes das utilizadas no momento da criação.

Há o aumento na produção de novos arquivos digitais em larga escala, no entanto o arquivo digital carrega consigo problemas estruturais que colocam em risco sua longevidade, tal como a dependência da estrutura tecnológica a qual o arquivo está associado (software, formato) levando em conta a rápida absolescência da tecnologia. O não conhecimento e aplicação de técnicas adequadas de preservação podem direcionar a perda ou alteração indiscriminada dos arquivos originais. Neste cenário surge a necessidade da aplicação de estratégias e políticas de preservação.

A preservação adequada deste material possibilita que a disseminação no meio digital aconteça também para as gerações futuras, disponibilizando um material íntegro e autêntico garantindo a longevidade do mesmo.

Referência: 

FERREIRA, Miguel. Introdução à preservação digital – Conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006.

ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 2, p. 15-27, mai./ago. 2004

Problemas enfrentados na preservação digital

No contexto da preservação digital algumas questões dificultam as possibilidades de se desenvolver um trabalho mais efetivo que garanta a funcionalidade e acesso as informações, criando assim, um desafio de garantir a preservação de documentos digitais e afirmar o acesso ao seu conteúdo, por meio de recursos tecnológicos disponíveis. Observamos questões relevantes:

Rápida obsolescência da tecnologia digital: “O software e o hardware tornam-se obsoletos em questão de anos, ao invés de décadas, e que embora as versões sucessivas de programas possam ser compatíveis, os fabricantes de software normalmente não garantem a compatibilidade por um longo período”. (TOMAZ e SOARES, 2004).

·  Incapacidade dos atuais sistemas eletrônicos de informação em assegurar a preservação de longo prazo: “Atualmente, mesmo com um pesado investimento na tecnologia da informação há uma fragilidade estrutural evidente nos sistemas eletrônicos de informação que incapacitam de assegurar a preservação de longo prazo e o acesso contínuo às informações geradas num contexto de rápido avanço tecnológico” (CONAC, 2005, p. 2).

·    Fragilidade do armazenamento digital: “A tecnologia digital é comprovadamente um meio mais frágil e mais instável de armazenamento, comparado com os meios convencionais de registrar informações, tendo um impacto profundo sobre a gestão dos documentos digitais no presente para que se tenha garantia de acesso no futuro.” (CONAC, 2005, p. 3).

·    Complexidade e custos da preservação digital:  A necessidade de  constante atualizações de suporte e de formato demanda investimento  financeiro  elevado e contínuo  em  infraestrutura tecnológica, pesquisa científica aplicada e capacitação de recursos humanos.

Conforme (TOMAZ e SOARES, 2004), implica-se também outras dificuldades na área técnica, política, econômica e social, dentre as podemos citar:

Ø Risco de agravamento do problema da exclusão social;

Ø dificuldade de definição de estratégias e custos associados às atividades de preservação digital;

Ø falta de linguagem própria nas diversas áreas do conhecimento para descrever os novos relacionamentos e tipos de documentos;

Ø abandono de fontes de informação digital quando as instituições deixam ou perdem o interesse pelos negócios;

Ø Falta de preparo de gestores de acervos e especialistas de preservação nas questões ligadas ao ambiente da tecnologia da informação.

Segundo (TOMAZ e SOARES, 2004), “Até bem pouco tempo atrás, a atenção de profissionais da informação concentrava-se, apenas, na longevidade do suporte físico onde a informação era armazenada. Esse posicionamento não é suficiente no mundo digital. Mesmo nas melhores condições de armazenamento, as mídias digitais podem ter sua vida interrompida pela falta ou inadequação de qualquer um dos demais componentes”.

Portanto a resolução nos problemas na preservação digital só será possível se houver uma ampla articulação entre os diversos setores comprometidos com a preservação do patrimônio digital, e em cooperação com os organismos nacionais e internacionais conjuntamente com os profissionais da área que devem encarar esses paradigmas como um desafio dos novos tempos, garantindo assim, um material de qualidade e confiabilidade para as gerações futuras.

Referências:

BRASIL. Conselho Nacional de Arquivos. Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos. Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital: preservar para garantir o acesso. Brasília: CONARQ, 2009. . Disponível em: http://www.conarq.arquivonacional.gov. br/media/carta.pdf. Acesso em 27 jan. 2013.

THOMAZ katia p. ; SOARES Antonio José. A preservação digital e o modelo de referência Open Archival Information System (OAIS).DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.5 n.1 fev/04 . Disponível em: http://www.dgz.org.br/fev04/Art_01.htm. Acesso em: 27 jan. 2013.

Técnicas em preservação digital

Ao longo dos anos se desenvolveram várias formas de técnicas de preservação digital, dentre elas estão:

Preservação tecnológica: Uma das primeiras estratégias de preservação, que consiste na criação de museus tecnológicos que foca essencialmente na preservação e manutenção do hardware e software necessários para a à apresentação dos objetos digitais. Dessa forma seria possível não só a reprodução, mas a possibilidade de experimentação destes objetos. Este tipo de estratégias introduz dificuldades ao nível da gestão do espaço físico, manutenção e custo de operação, tornando-as inadequadas para aplicação a longo-prazo.

Refrescamento: Consiste na transferência de informação de um suporte físico de armazenamento para outro mais atual antes que o primeiro se deteriore ou se torne irremediavelmente obsoleto. O refrescamento atempado de suporte não constitui uma estratégia de preservação por si só. Deverá, em vez disso, ser entendido como um pré-requisito para o sucesso de qualquer estratégia de preservação.

Emulação: baseiam-se essencialmente na utilização de um software, designado emulador , capaz de reproduzir o comportamento de uma plataforma de hardware e/ou software, numa outra que à partida seria incompatível.

Migração: Preserva a integridade do objeto digital para uma futura recuperação. A migração tem como objetivo manter os objetos digitais compatíveis com tecnologias atuais. Por exemplo: Um arquivo texto produzido e salvo em Word 97 (.doc), convertido em formato Word 2007 (. docx).

Encapsulamento: método de armazenamento que consiste em guardar junto o arquivo toda informação necessária suficiente que possibilite a recuperação do mesmo por meio de conversores, visualizadores ou emuladores.

Referência:

FERREIRA, Miguel. Introdução à preservação digital – Conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006.

O que é modelo OAIS e para que serve?

Pensando na problemática da perca de informações de suporte digital e em manter o acesso a objetos digitais ao longo do tempo o Open Archival Information System (OAIS) foi desenvolvido para ser um conjunto de normas capazes de regular o armazenamento em longo prazo de informação digital produzida no âmbito de missões espaciais.

A OAIS é um modelo conceptual que visa identificar os componentes funcionais que deveram fazer parte de um sistema de informação, arquivamento e manutenção de informação digital a longo prazo, é uma alternativa de padronização mais promissora para a área.

Seu objetivo é ampliar a consciência e a compreensão dos conceitos relevantes para a preservação de objetos digitais.  Lusenet (2002) transformar o antigo procedimento de preservar o objeto para o acesso apara um novo procedimento de preservar o acesso ao objeto.

O propósito mais importante do modelo de referência é facilitar uma compreensão mais ampla do que é necessário para preservar e acessar informações por longo prazo. Permite comparações de arquitetura, operação, estratégicas e técnicas de preservação, amplia o consenso em torno dos elementos e processos voltados para a preservação de longo prazo e acesso a informação digital, onde promove a expansão do mercado e o apoio dos fornecedores.

A Open Archival Information System (OAIS) é também de interesse das organizações e pessoas que criam informações que podem necessitar de preservação de longo prazo e bem como dar organizações que adquirem tais informações.

Referências:

BELLOTO, Heloísa L. Arquivos permanentes; tratamento documental. São Paulo:, T.A. Queiroz, 1991. 198p.

BRAND, Stewart. Scaping the digital dark. Library Journal, v. 124, n. 2, p. 46-8, feb. 1999.

JARDIM, José Maria. A arquivologia e as novas tecnologias da informação. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 251-60, 1992.

Metadados de Preservação

Os metadados são informação estruturada que descreve, explica, localiza, ou ainda possibilita que um recurso informacional seja fácil de recuperar, usar ou gerenciar. O termo metadados freqüentemente designa

dados sobre dados, ou informação sobre informação.

Função

As funções dos metadados compreende:

-a descoberta de recursos - que permite que recursos sejam identificados, localizados, selecionados por critérios de relevância e distinguidos por diferenças e similaridades;

-a organização de recursos;

-a facilitação da interoperabilidade;

-a identificação digital;

-e a preservação digital.

Segundo Mádero Arellano (2004)

Os metadados informam as partes importantes do objeto digital e indicam a sua localização. Os metadados de preservação são uma forma especializada de administrar metadados que podem ser usados como um meio de estocar a informação técnica que suporta a preservação dos objetos digitais. (MÁDERO ARELLANO, 2004)

Para o esquema de metadados para preservação são necessárias algumas atividades como:

-a implementação do padrão de metadados;

-criação de repositórios de metadados de preservação integrados a outros repositórios de metadados usados pela instituição;

-definição do script para extrair os metadados de preservação,que produza um relatório em XML do que os metadados identificaram como importante para a preservação para depois serem transferidos para o repositório de metadados:

E devem conter as seguintes informações:

-politicas e técnicas de preservação adotadas;

-efeitos de estrategia adotadas;

-gerenciamento de coleções:

-gestão de direitos autorais;

-autenticidade do recurso digital;

Referencia:
ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 2, p. 15-27, maio/ago. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-

O Sistema DSPACE

 O DSpace é uma plataforma que permite o depósito de documentos em qualquer formato (texto, vídeo, áudio e dados). Permite a disponibilização desse conteúdos na Internet, indexando o seu conteúdo quando possível. Permite ainda a preservação dos documentos a longo termo.

O sistema DSpace é principalmente utilizado como repositório institucional e desempenha três importantes papéis:

1.Facilita o depósito e a gestão dos documentos e dos respectivos metadados

2.Facilita o acesso aos documentos através de listas e pesquisas

3.Facilita a preservação a longo termo dos documentos

Quais os Benefícios?

-Publicar rapidamente a produção científica da sua instituição

- Expor os conteúdos aos motores de pesquisa mais comuns, aumentando a visibilidade

- Armazenar num único local a produção científica

- Saber que documentos publica, que versões e quantos downloads foram efectuados para cada um

- Ter um identificador único para cada documento

Como funciona o DSpace?

O DSpace é:

• Um sistema com interface Web que permite o auto-arquivo de documentos e a sua marcação com metadados. Foi desenhado para suportar qualquer tipo de formato desde os documentos de texto simples a ficheiros de vídeo.
• Os ficheiros, também denominados "bitstreams", estão organizados em conjuntos. Cada bitstream tem um determinado formato e informação técnica específica. Esta informação técnica é armazenada juntamente com os bitstreams para ajudar na sua preservação ao longo do tempo.
• Um itemé a menor unidade do repositório e consiste no agrupamento de informação relacioanada com o ficheiro, a saber, os metadados. Os metadados dos itens são expostos para indexação e pesquisa(no repositório e externa). Estes itens estão dentro de colecções.
• A comunidade é o nível mais alto na hierarquia do DSpace. Podem corresponder a partes da sua Instituição, tal como as Escolas, departamentos, laboratórios, etc... ou podem também corresponder a áreas temáticas.
• A modularidade do sistema permite-lhe adicionar e criar novas funcionalidades.
• O interface permite ao utilizador final a procura e pesquisa de documentos que poderão visualizar directamente ou descarregar para o seu computador.

Software Open source

O DSpace é um software open source. Sendo assim, pode descarregá-lo, usá-lo e modificá-lo sem qualquer custo. Está ao abrigo da licença BSD (Berkeley Software Distribution).

Mais informação

Pode consultar mais informação sobre o sistema DSPACE em: http://dspace.org

Pode também consultar a página do projecto no Sourceforge: http://sourceforge.net/projects/dspace/

O apoio é proporcionado através de listas de distribuição: http://sourceforge.net/mail/?group_id=19984.

Existem três listas:

1. DSpace-Tech para apoio técnico
2. DSpace-General para aspectos gerais e notícias
3. DSpace-Dev orientado a discussões sobre o desenvolvimento do sistema

O sistema DSpace é principalmente utilizado como repositório institucional e desempenha três importantes papéis:

1.Facilita o depósito e a gestão dos documentos e dos respectivos metadados

2.Facilita o acesso aos documentos através de listas e pesquisas

3.Facilita a preservação a longo termo dos documentos

Referência: http://projecto.rcaap.pt/formar/mod1/contents/o_sistema_dspace.html